O bebê acolhido por uma mãe suficientemente boa tem como invólucro para o seu desenvolvimento subjetivo uma proporção de afeto e progressivas doses de frustrações que vão apresentando o mundo ao bebê, e o bebê ao mundo.
Nessa dança, a criança pequena experimenta com todos os sentidos um mundo mediado por sua mãe (ou cuidador inicial). O toque da pele, o canto, o tom da voz, o ritmo do balanço do colo e todas as experiências dos primeiros anos são constitutivas e marcantes na estruturação do sujeito.
Le Breton nos ajuda a pensar que a pele, o primeiro dos orgão dos sentidos que se desenvolve no ser humano, não está apenas como um “envelope para o corpo físico do bebê, é também por esse canal que ainda no útero a criança recebe as primeiras vibrações e estabelece contato com o corpo da mãe, e de certa forma,com o mundo”.
Na primeira infância, o corpo é lugar e ferramenta de alteridade. E para que o bebê se estabeleça como sujeito e passe pelo nascimento psíquico com tranquilidade e condições “suficientemente boas” de se abrir ao mundo é preciso afeto, toque e diálogo verbal e tônico.
Quão urgente é respeitar, acolher e amparar o corpo físico e psíquico dos bebês nos espaços coletivos de educação. A Qualidade dos espaços organizados, os materiais, as conversas, as possibilidades e a confiança na capacidade e potência que todos os bebês tem de mover-se ao encontro do mundo.
A criação de uma criança não se limita, de forma alguma, apenas no mantimento da alimentação e de sua higiene. Segundo Winnicott, a sensação de que a “vida vale a pena” é fruto de uma relação de confiança entre o bebê e sua mãe.
Acreditamos que essa aposta na vida é um misto integridade, liberdade e disposição de tempo e presença.
Presença de corpo inteiro, de pele a pele, de escuta, de polisensorialidade, de interesse, respeito, afeto e tempo.
Oferecer tempo para que as crianças respondam e colaborem, e a escuta como suporte que assegura a existência de cada ser humano; como uma aposta na relação dialógica como proposição humanizante de estar em comunidade.