“Quando mostramos um respeito profundo por aquilo que a criança faz, por aquilo por que ela se interessa- mais por ela mesma que por seus atos- todas as nossas ações se tornam impregnadas de um conteúdo que enriquece a personalidade: desenvolve a segurança afetiva, a consciência e a autoestima da criança.” Anna Tardos e Agnès Szanto – Feder
“Quando mostramos um respeito profundo por aquilo que a criança faz, por aquilo por que ela se interessa- mais por ela mesma que por seus atos- todas as nossas ações se tornam impregnadas de um conteúdo que enriquece a personalidade: desenvolve a segurança afetiva, a consciência e a autoestima da criança.” Anna Tardos e Agnès Szanto – Feder
Tratar de respeito, de valorização da cultura da infância, de autonomia e de transformação do cotidiano são para nós hoje, motivo de constante reflexão e busca teórica de apoio e interlocução.
“As crianças devem ser estudadas a partir de seu próprio campo e não apenas sob uma perspectiva adultocêntrica” (SARMENTO,2008). Para que haja uma ampliação desses conceitos é fundamental o desprendimento de ideias estereotipadas e romantizada sobre a infância e sobre as crianças, há portanto uma urgente necessidade de se observar e registrar as narrativas infantis e seus desdobramentos em diferentes contextos.
O debruçar sobre a questão também nos permite refletir sobre a prática da nossa ação docente, pois, o cotidiano que promovemos as crianças, reverbera a concepção de infância que temos e de sociedade que desejamos. Educar é um ato político e o não reconhecimento das infâncias e das crianças, como sujeitos ativos e capazes de estar e atuar criando e reproduzindo cultura e significados, inibem uma postura mais respeitosa e potente sobre elas. “O ser humano se constitui na relação com o outro; na interação social, as dimensões cognitiva e afetiva não podem ser dissociadas. Quando interagem, as crianças as aprendem, forma-se, criam e transformam; são sujeitos ativos que participam e intervêm na realidade; suas ações são maneiras de reelaborar e recriar o mundo. Aos adultos cabe a importante função de mediação” (Kramer,1999).
Entendemos portanto que a documentação pedagógica segundo os preceitos da abordagem Pikler seja então o passo inicial para o entendimento das formas de intervenção e ação do educador da creche e da pré escola. Portanto a fotografia e a filmagem são ferramentas que permitem um resgate e uma revisão de quem é essa criança e de como o espaço educativo está a serviço dessas formas tão individuais de manifestação, expressão e comunicação, de forma a ampliar o olhar dos educadores para o desenvolvimento e a construção desses sujeitos, tendo em vista seu contexto familiar, social e cultural . O refinamento do olhar do educador para enxergar nessa criança um parceiro ativo, que deixa rastros, que é constituído e se constitui no percurso de suas narrativas e experiências, promove a construção da subjetividade de cada indivíduo e autonomia, modificando o cotidiano das creches e pré– escolas.
Neste sentido encontramos no preceitos da abordagem Pikler e da Pedagogia da escuta de Malaguzzi constante diálogos que nos colocam na relação com as crianças com desafios de potencializar : tempos, espaços e materiais no sentido de proporcionar ambientes educativos onde a possibilidade para o brincar livre, para a relação entre pares e com a mínima intervenção dos adultos sejam os ingredientes para o desenvolvimento da autonomia .
Como importante ferramenta do movimento exotópico proposto por Bakthin (2003), para o exercício da pesquisa, procuramos registrar através de fotos e vídeos os momentos em que os cenários projetados são contextos privilegiados para a narrativa e para o jogo simbólico.
E para que possamos flexionar nosso olhar e aprofundar os nossos conhecimentos sobre cada criança e sobre a cultura da infância, discutimos os vídeos e fotos recolhidos do dia a dia em grupos de estudo e de observação procurando os achadouros da infância e compartilhando os resultados das investigações e das produções das crianças nos espaços coletivos da escola para acesso de toda comunidade como ato político.