Emmanuel Levinas ao tratar sobre a ética da alteridade, nos convida a refletir sobre a nossa “primazia pelo saber” no sentido de obtermos conhecimento sobre tudo e sobre todos, corremos atrás do conhecimento como forma de controlar o saber, e não sofrer com angústia do desconhecido. No entanto o filósofo nos provoca a pensar em que lugar colocamos a singularidade dos sujeitos, e como lidamos com alteridade.

Nesse sentido o encontro evoca a potência da alteridade, nos coloca diante do outro e nos convida a expandir aquilo que o conhecimento dimensiona, num sentido de sair do aprisionamento de uma só concepção sobre o ser criança. Cada vez que uma tabela de desenvolvimento ou uma teoria abraça todas os pontos de vista do nosso olhar, deixamos de ver o infinito que se apresenta na singularidade das jornadas de aprendizagem e nos processos de construção de subjetividades e intersubjetividades.

As crianças tem muitas formas de dizer: teorias, teses, questões, apostas e sugestões… Onde estão os ouvidos para ouvir? Considerar, testar, visibilizar e acompanhar esses pontos de vistas?

“Mas também passarinho é uma vírgula
pontuando o céu.
Eu ensaiava ler as perguntas que preenchiam o azul vazio e os pássaros virgulavam. Descobri ser uma língua estrangeira a voz dos pássaros, e embaraçava-me.
Então, subvertia respostas para tapear meu desconsolo.
Não ter respostas é confirmar-se ausente. Viver exige perguntas e eu, mudo, não sabia responder.”

Bartolomeu Campos Queirós