Um dos grandes desafios de uma prática participativa é romper com a lógica da atividade para a lógica da experiência.
Essa mudança não é trivial: exige que o educador saia do centro do processo e assuma uma postura participativa e pesquisadora.
Nas pedagogias do século XXI, vemos surgir propostas como sala de aula invertida,
metodologias ativas e trabalhos diversificados. Todas elas afirmam, em maior ou menor
grau, a necessidade de deslocar o professor do papel de “diretor de cena” para dar lugar às
crianças como protagonistas do processo.
No entanto, colocar a criança no centro da
aprendizagem não significa que o papel de autoridade do professor seja colocado de lado.
Ao escolher os materiais, organizar o grupo, planejar os contextos e registrar os
acontecimentos , o professor assume seu papel e também se torna autor da sua história.
Nesse cenário, a organização do espaço ganha papel fundamental, sendo reconhecida
como o terceiro educador.
Mas afinal, o que é um contexto de aprendizagem e o que ele muda na prática pedagógica?
Diferente dos tradicionais cantinhos de trabalho ou estações, em que cada estudante circula
por espaços de forma cronometrada, como em um rodízio, os contextos de aprendizagem
prezam pela continuidade e pelo aprofundamento da pesquisa.
Essa lógica possibilita algo precioso: tempo alargado para conhecer, refazer, experimentar
de novo, construir significados e significantes da cultura. Aqui está a essência de uma
pedagogia que se pauta na relação.
Os contextos não são atividades isoladas ou propostas que tem como objetivo um produto
final . São espaços investigativos que convidam ao diálogo, à escuta, à negociação de
sentido e à criação.
Para isso, não basta que o professor organize materiais com intenção: é preciso criar uma
atmosfera lúdica, que provoque a imaginação e convide à invenção.
Quando isso acontece, o contexto se torna potente ativador de múltiplas aprendizagens,
porque abre caminhos para:
• Refutar ideias.
• Testar hipóteses.
• Fazer de novo.
• Construir sentido coletivamente.
E são justamente essas ações que sustentam aprendizagens nas múltiplas linguagens
A escola como um grande ateliê
Ainda que saibamos que as maiores experiências de aprendizagem acontecem na vida, a
creche e a escola, como espaços comuns de convivência, precisam garantir condições para
aprendizagens significativas.
É nesse caminho que os contextos se tornam decisivos: porque não se limitam a uma sala
de referência.
Inspirados pela concepção de ateliê de Loris Malaguzzi, que afirma que todos os espaços
da escola são potentes ativadores de aprendizagens — dentro ou fora dela — o ateliê mais
do que um espaço determinado se torna uma metáfora do que consideramos
aprendizagem. E é nesse sentido que os contextos ganham vida porque se tornam uma
estratégia pedagógica que oportuniza as crianças e adultos a exercerem a democracia a
partir da prática de uma pedagogia da escuta.
Portanto, quando falamos em contextos de aprendizagem carregamos conosco novos
conceitos do que acreditamos ser ENSINAR E APRENDER . Falamos de uma nova forma
de se relacionar com o conhecimento, em que o professor deixa de ser o dono da cena e se
torna mediador, pesquisador e coautor junto com as crianças.
A organização da escola em contexto carrega crenças e valores que sustentam
concepções.
Ao refletirmos sobre nossas crenças e concepções somos capazes de romper paradigmas e
construir uma pedagogia que seja verdadeiramente democrática.
A pergunta que fica é: qual o primeiro passo para transformar uma prática diretiva em
participativa?
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